Que eu gosto de cozinhar não é segredo pra ninguém. Estava desde pequenininho ao lado da mãe e do pai na beira do fogão. De mexedor de carne moída e feijão, passei por cortador de cebola e descascador de alho, preparador da salada até começar a fazer meus primeiros pratos sozinhos. Talvez o primeiro que aprendi foi o arroz com meu pai (dois dedos de água acima do arroz, certo pai? ), depois alguns molhos pra macarrão , passando pelo ovo frito e omelete. Por fim, o fato de ir morar sozinho me fez aprimorar um pouco mais esse lado, uma vez que não tinha quem cozinhasse pra mim. Então veio o feijão tropeiro, o churrasco e o salmão com alcaparras. E não nos esqueçamos do arroz carreteiro (assim eu chamo, apesar de ser só um arroz com carne), o qual foi o protagonista da primeira janta que fizemos aqui em casa.
Uma prática que, dizendo o Michele é um tanto comum aqui, é fazer jantas em casa e convidar os amigos. E acho uma boa. Além de fortalecer os laços de amizades com o pessoal, nos divertimos e comemos bem. O problema é na hora de convidar. Chamar um e não chamar o outro gera sempre aquele clima chato. Então a saída e ir convidando pequenos “guetos”, de cerca de umas 5 pessoas, até fechar a roda, não deixando no fim de chamar ninguém.
Bem, vamos começar apresentando os convidados. Na foto, da esquerda pra direita (dando a volta na mesa), temos: Eu (brasileiro), Irene, Candice (brasileira), Emanuele, Léo (brasileiro) e Ferdinando. O Michele tirou a foto. Uma vez que todos foram devidamente apresentados, vamos à metodologia adotada para as jantas. Como a casa é composta por um brasileiro (Eu) e um Italiano (Michele), decidimos que uma vez um faz a janta e outra vez o outro que faz, de modo que possamos fazer sempre um prato comum do seu país. E quem começou fui eu. E pensando em um prato gostoso, barato e fácil de fazer, cheguei ao arroz carreteiro. Além do arroz, fiz uma saladinha no capricho, com tomate, alface, cenoura, mussarela de búfala e crótons (adaptados de torradas que tinham aqui). Quanto aos resultados, o arroz ficou um pouco soltinho demais pro meu gosto. Acho que esse prato combina mais se o arroz ficar mais empapado. Porém, ficou gostoso, bem temperadinho. Mas de qualquer forma, colocamos uns pães na mesa, uma vez que italianos usam pra comer em uma mão o garfo e na outra o pão. Pra beber,como era uma janta brasileira, queria fazer a tradicional caipirinha . Comprei uma Pirassununga 51 (sim, aqui tem no supermercado pra comprar, mas é caro. O mesmo preço que uma vodka Absolut, em torno de 9 euros a garrafa de 700 ml) e limão. Mas, infelizmente, esqueci o gelo. Acabou que, no fim, não fizemos a caipirinha e fomos no tradicional vinho. Uma pena. Deixa pra próxima. Já o pessoal comeu um tanto quanto calado, mas disseram que tava bom. Não ousaria a questionar a sinceridade das declarações. Por fim, de sobremesa, um sorvetinho básico pra fechar com chave de gordo.
Depois de comer, começamos a sessão musical. O Michele começou a tocar violão e a cantar algumas músicas, e muito bem, diga-se de passagem. Cantamos inclusive algumas brasileiras, como Garota de Ipanema, a qual fez surgir um comentário por parte da Irene: “Essa música é brasileira? Não acredito! Adoro ela.”. Cantamos até que o vizinho veio reclamar do barulho à 00:30, o que não é tão tarde assim para uma sexta-feira. Mas foi simpático, disse que tínhamos uma voz muito boa, que tocávamos bem, mas que tinha que levantar cedo no outro dia, então pediu para cantarmos mais baixo. Com isso, cantamos mais uma ou duas músicas, em um tom bem mais contido, e depois ficamos conversando ate umas 01:30, quando pessoal foi embora. Em mim ficou a convicção de querer fazer desses eventos um hábito e, na pia, os pratos sujos.
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